domingo, 17 de junho de 2018

O LORDE E O VIAJANTE

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VIAJANTE ERA O NOME DE UM CÃO POLICIAL E LORDE, O DE UM VIRA-LATA
Que eu me lembre eram somente dois cachorros, mas deveria haver mais alguns de menor importância de que não me lembro. 
Viviam eles no terreiro e também dentro do rancho de pau a pique, muito dóceis com os quais brincavam eu e minha irmãzinha mais nova.

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Um era cão policial chamado Viajante e o outro era um vira lata, pelagem lisa e curta, cor avermelhada chamado de Lorde. 


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O adultos advertiam as crianças: "Cuidado que o Lorde te morde!".

Eram cães de caça que acompanhavam o tio Donato que, na mata, parecia um índio. Caçava-se todo tipo de aves entre os quais, Jacus - jacuaçu, ave também conhecida como jacuguaçu encontrada no norte paranaense, na água das Antas. Vejam o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=0hbaPjSKkAw
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JACU
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QUECHADA
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CAETETU
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JACUTINGA
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PACA
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ANTA

Às vezes era encontrada também jacutinga, mas na maior das vezes eram apanhadas caças de maior porte, principalmente veados, capivaras, pacas, queixadas, catetu (caetetu). 

Uma vez vi uma anta e fiquei admirado por sua clina parecida com a de cavalos. 
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ANTA COM FILHOTE











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VEADO





Precisava caçar? Não por falta de carne, porque se criavam porcos e galinhas em abundância.
Mas o tio Donato amava caçar.

Às vezes internava-se na mata e voltava vários dias depois sempre trazendo grande quantidade de caça.

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Um dia aconteceu o inesperado. Ouvimos o ganido de cachorro na mata do outro lado do córrego das Antas.

Imediatamente o tio Donato correu para o lugar donde vinham os latidos.

Passaram-se algumas horas e o tio Donato apareceu com o Viajante morto sobre o pescoço.

Chorava inconsolavelmente.

O cachorro de que tanto gostava tinha sido picado por uma cobra.

domingo, 1 de abril de 2018

TIO JUCA E TIA DITA - UM MOLEQUINHO PRA LÁ DE ACANHADO!


COMO SE DEU O ARRANJO DO CASAMENTO entre os futuros sogros de meu tio Juca (115) e a Dinha (21), viúva.

Morávamos em um ranchão de pau-a-pique, coberto de tabuinhas na água das Antas, perto do Patrimônio de Santo Inácio, há poucos quilômetros do Paranazão. Éramos a Dinha, O tio Donato, tio Juca, tio Nicomedes, tio Lazinho, minha mãe (há algum tempo tinha largado de meu pai), a rosinha, minha irmã mais nova e eu. No rancho havia apenas dois cômodos: a sala e a cozinha. A sala servia para receber visitas especiais e para dormir; a cozinha ainda servia para receber visitas mais íntimas. Comia-se na cozinha, na sala e no terreiro.

PRIMEIRA IGREJINHA DE SANTO INÁCIO - Teria eu aí em torno de 6 anos. Por que marginalizado? É que que na foto só estavam mulheres e aí me mandaram sair do grupo e mesmo assim ainda fui retratado! Estou à direita. A menininha mais perto de mim é a minha irmãzinha, a Rosinha que morreu aos 7 anos e foi sepultada em Jaguapitã-PR. No pescoço dela está o braço da Terezinha, filha da primeira professora do "Patrimônio" de Santo Inácio.

Eu, um garotinho de apenas 5 anos, brincava pelas redondezas e de quando em vez dava uma chegada no rancho. Numa dessas vezes se deu o inesperado. Acabei ficando completamente desconcertado ao me deparar com algo que jamais esperava encontrar. Ao entrar na sala vi várias pessoas, mas uma em especial despertou excessivamente minha atenção. Era a dona Eugênia Teodoro (a Mandie em guarani), que de tão bonita que estava, toda produzida, com os recursos dos anos 40 e na roça, chegou a me assustar. Surpreso, passei por todos completamente confuso para refugiar-me na cozinha. Ninguém deu a mínima atenção para mim, um garotinho da roça com apenas 5 anos de idade. Por isso, ninguém percebeu o meu enorme espanto.




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Pois bem. Procurei refúgio na cozinha, mas foi exatamente ali que se deu o cúmulo de meu constrangimento. 

Lá estava a futura tia Dita, vestida com um traje que jamais pensava existir no mundo. Ela envergava um lindo vestido de seda tudo azul. Parecia, para mim, algo de outro planeta, ou talvez, um anjo descido do céu. Não tinha como ficar mais aturdido do que já estava. Tamanho era o meu acanhamento que passei direto por todos e fui, encabuladíssimo, curtir toda minha confusão bem longe do rancho de minha avó.


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Pele clara? Qual nada! A tia Dita era filha de pai e mãe índios. Bonita? Para mim era mais que isso!


Por ser tão bobinho sequer se lembraram de me contar do que se tratava e eu também nem tinha curiosidade de perguntar.