domingo, 1 de abril de 2018

TIO JUCA E TIA DITA - UM MOLEQUINHO PRA LÁ DE ACANHADO!


COMO SE DEU O ARRANJO DO CASAMENTO entre os futuros sogros de meu tio Juca (115) e a Dinha (21), viúva.

Morávamos em um ranchão de pau-a-pique, coberto de tabuinhas na água das Antas, perto do Patrimônio de Santo Inácio, há poucos quilômetros do Paranazão. Éramos a Dinha, O tio Donato, tio Juca, tio Nicomedes, tio Lazinho, minha mãe (há algum tempo tinha largado de meu pai), a rosinha, minha irmã mais nova e eu. No rancho havia apenas dois cômodos: a sala e a cozinha. A sala servia para receber visitas especiais e para dormir; a cozinha ainda servia para receber visitas mais íntimas. Comia-se na cozinha, na sala e no terreiro.

PRIMEIRA IGREJINHA DE SANTO INÁCIO - Teria eu aí em torno de 6 anos. Por que marginalizado? É que que na foto só estavam mulheres e aí me mandaram sair do grupo e mesmo assim ainda fui retratado! Estou à direita. A menininha mais perto de mim é a minha irmãzinha, a Rosinha que morreu aos 7 anos e foi sepultada em Jaguapitã-PR. No pescoço dela está o braço da Terezinha, filha da primeira professora do "Patrimônio" de Santo Inácio.

Eu, um garotinho de apenas 5 anos, brincava pelas redondezas e de quando em vez dava uma chegada no rancho. Numa dessas vezes se deu o inesperado. Acabei ficando completamente desconcertado ao me deparar com algo que jamais esperava encontrar. Ao entrar na sala vi várias pessoas, mas uma em especial despertou excessivamente minha atenção. Era a dona Eugênia Teodoro (a Mandie em guarani), que de tão bonita que estava, toda produzida, com os recursos dos anos 40 e na roça, chegou a me assustar. Surpreso, passei por todos completamente confuso para refugiar-me na cozinha. Ninguém deu a mínima atenção para mim, um garotinho da roça com apenas 5 anos de idade. Por isso, ninguém percebeu o meu enorme espanto.




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Pois bem. Procurei refúgio na cozinha, mas foi exatamente ali que se deu o cúmulo de meu constrangimento. 

Lá estava a futura tia Dita, vestida com um traje que jamais pensava existir no mundo. Ela envergava um lindo vestido de seda tudo azul. Parecia, para mim, algo de outro planeta, ou talvez, um anjo descido do céu. Não tinha como ficar mais aturdido do que já estava. Tamanho era o meu acanhamento que passei direto por todos e fui, encabuladíssimo, curtir toda minha confusão bem longe do rancho de minha avó.


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Pele clara? Qual nada! A tia Dita era filha de pai e mãe índios. Bonita? Para mim era mais que isso!


Por ser tão bobinho sequer se lembraram de me contar do que se tratava e eu também nem tinha curiosidade de perguntar.

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