Antiga casa de 1930 em Capitólio-MG antigamente conhecida como Arraial dos Franciscos |
Certo dia ela estava passando por um trilho no meio do pasto e eis que, olhando para trás vê um leitãozinho que vinha bem distante dela e pelo mesmo trilho.
- Ah, ele deve ter escapado do chiqueiro e está andando por aí.
Pouco depois olhou para trás e notou que o bicho já estava bem maior e um pouco mais perto dela, no entanto, não fez conta e continuou sua caminhada. Porém, um tanto curiosa, resolveu olhar mais uma vez, e o animal já tinha crescido muito assim como também não estava mais tão longe. Foi o suficiente para ficar apavorada por receio de que se tratasse de artes do demônio. Espichou, então, os passos e já começava a correr. Da última vez que olhou para trás, verificou que a porca já tinha adquirido um tamanho descomunal e estava bem próxima dela.
Foi aqui que ela virou para trás, com muita raiva e o que saiu de sua boca nem se deve escrever de tantas más palavras que deixou escapar. Ela se lembra apenas que uma das últimas coisas que disse gritando foi isso:
- Trem ruim! Você não tem o que fazer em vez de ficar atormentando os que têm que trabalhar? Suma de minha frente e vá para o quinto dos infernos! (*)
Ela contou que o monstro estacou e ficou quieto. Depois de seu xingatório todo, saiu do trilho tomando outra direção e, trotando, sumiu de sua vista.
Só que depois começou a sentir remorso por ter mandado a criatura para o inferno. Quem sabe não seria a manifestação de alguma alma que precisava de suas orações?
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(*) A expressão tem sua origem no período colonial do Brasil e dia respeito à cobrança de impostos pelo Império Português. O quinto correspondia a 20% da produção de ouro da colônia. Afirma-se que o termo era dirigido aos cobradores de impostos, que ao exigir o quinto ouviam algo como "Vá buscar o quinto nos infernos!". Com o passar to tempo tomou a forma atualmente utilizada, onde "nos" foi substituído por "do", ou seja, "quinto dos infernos".
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